Balancho: recuperando a história de uma aldeia

29-10-2013 13:41

 

 
Esta aldeia chama-se Balancho, pertence à freguesia do Carvoeiro, actualmente integrada no concelho de Mação. A ocupação humana desta zona parece ser muito antiga, recuando a tempos pré-históricos, como atestam os vários achados na região. Por enquanto, as origens mais remotas da aldeia do Balancho permanecem desconhecidas.
O topónimo “Balancho” é bastante invulgar, ao contrário de outras designações bem presentes na nossa região (como por exemplo “Várzea”, “Venda”, ou “Póvoa” entre outros). Contudo, segundo a informação geográfica obtida existem hoje seis localidades com a designação de “Balancho” e ainda uns “Casais do Balancho”, no concelho da Azambuja. Quatro destas povoações localizam-se no distrito de Santarém, para além do “nosso Balancho” (Mação), existem aldeias com o mesmo nome nos concelhos de Abrantes, de Tomar e de Ourém. As restantes duas localidades com este nome situam-se uma no concelho de Leiria e a outra no concelho de Évora. A origem do topónimo não é clara. Amélia Horta Pereira avançou com a ideia de que deriva da expressão “vale ancho” ou seja vale estreito. Porém, nesta aldeia subsiste a expressão geográfica “Portela de São Balancho”, para designar uma zona de bosque na entrada oeste do lugar, sugerindo, possivelmente, uma outra origem para o topónimo “Balancho”, quem sabe até antroponómica.
As várias monografias sobre o concelho de Mação não se detêm com grande detalhe na aldeia do Balancho. Na documentação recolhida por Amélia Horta Pereira, relativa aos antigos concelhos de Amêndoa, de Cardigos, de Envendos e de Carvoeiro, agora integrados no concelho de Mação, o Balancho só surge numa fonte do século XVIII. Trata-se da Memórias Paroquiais ou Diccionario Geographico de Portugal, mandado compilar pelo governo do Marquês de Pombal. Na entrada respeitante à “vila de Carvoeiro”, datada de 1759, entre os vinte e três lugares desse termo, refere-se: o “Balancho, lugar que tem sete vizinhos”. Nessa época, “sete vizinhos equivaleria”, sensivelmente, a cerca de 30 a 40 habitantes. Uma das actuais habitantes do Balancho, a Sra. Evangelina, garante que entre os séculos XIX e XX, pelo que soube de pais e avós, a povoação terá chegado à centena de habitantes. Evidentemente, antes das múltiplas razões que levaram ao forte “êxodo rural” país a fora. Serão estas, por agora, as referências mais antigas que se conhecem relativas à aldeia do Balancho, da qual por certo se encontrarão outras.
                Bastante mais recentemente, desde 2011, a população da aldeia do Balancho têm organizado os já famosos “Almoços Convívio” de confraternização de todo o povo e amigos. A terceira edição desta “festa do Balancho” decorreu no passado dia 12 de Outubro. Tal como no ano passado, a comissão organizadora da festividade foi composta por: Celeste Matos, Paulo Catarino, Nuno Catarino, Flávio Martins, Pedro Marques e Ricardo Bragança, sendo que o evento contou com o apoio logístico e material da autarquia de Mação, bem como da Junta de Freguesia do Carvoeiro, representada pelo presidente, Nuno Bragança. No sábado de manhã teve lugar a já tradicional eucaristia, celebração só ocorre uma vez por ano no Balancho, a propósito deste convívio. Seguiu-se o repasto, a actividade principal do III Almoço Convívio do Balancho, na qual participaram cerca de 180 pessoas, entre habitantes e seus convidados. A festa continuou tarde dentro, prolongando-se após o jantar, com a animação musical de Graciano Ricardo. Novidade na edição deste ano, o espectáculo atraiu largas dezenas de visitantes das aldeias vizinhas. Para o ano já está prometida a IV edição do Almoço Convívio, conforme anunciou a organização, logo no passado domingo. Enquanto isso, pretenderemos desvendar outras memórias e histórias desta simpática aldeia do Balancho.
 
© José Raimundo Noras
Outubro de 2013 

 
Balancho, 2011, Ricardo Bragança ©